Wednesday, September 24, 2008

O Ike financeiro

 

FIDEL CASTRO

As notícias de hoje pela tarde não têm desperdício:
“Bush cancelou todas as atividades. Tinha previsto viajar ao Alabama e à Flórida para participar em atos de arrecadação de fundos eleitorais.”

“Disse na quinta-feira que estava preocupado pela situação dos mercados financeiros e da economia estadunidense…”

"Os mercados têm desmoronado”... - continuam informando os despachos informativos -, “o governo se viu obrigado a nacionalizar a seguradora gigante American International Group (AIG), e o Federal Reserve, numa ação coordenada com outros bancos centrais, injetou 180 bilhões de dólares nos mercados financeiros.”
“O presidente assegurou que seu governo está tomando medidas agressivas e extraordinárias ‘para acalmar os mercados’.”

“As autoridades de toda a Ásia buscam frear a queda de suas moedas, bolsas e valores, para evitar que a crise de Wall Street atinja a região.”

“O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, culpou hoje a especulação da crise financeira internacional, e admitiu que está preocupado pelos riscos de uma recessão nos Estados Unidos.

“Também se compadeceu da situação dos grandes bancos dos Estados Unidos, que no passado criticaram o Brasil e outros países emergentes, e questionou o sistema financeiro internacional.

“Há uma crise nos Estados Unidos, uma crise muito forte, que levou a maior economia do mundo a sobressaltos extraordinários”, disse.
“Não é que não estejamos preocupados. Os Estados Unidos são a maior economia do mundo e o maior importador.”

Concluiu suas palavras afirmando: “Vejo com certa tristeza bancos importantes, muito importantes, que passaram a vida dando conselhos sobre o Brasil e sobre o que tínhamos que fazer ou não, e que agora estão quebrados ou entraram em bancarrota.”

Os ventos violentos do Ike financeiro também ameaçam a todas as “províncias” do mundo. O prognóstico meteorológico é incerto; vem-se falando dele há semanas, e rajadas de mais de 200 quilômetros por hora se fazem sentir. Como diz Rubiera, de uma categoria a outra seu poder de destruição se eleva ao quadrado.

É muito difícil acompanhar de perto e compreender as fabulosas cifras de dinheiro fresco que são injetadas na economia mundial. São grandes quantidades de papel moeda, que conduzem inevitavelmente à perda de valor e capacidade aquisitiva.
O crescimento dos preços é inevitável nas sociedades consumistas e desastroso para os países emergentes, tal como o assinala Lula da Silva. Se o maior importador do mundo deixa de importar, atinge ao resto; se sai para competir, atinge aos demais produtores.

Os grandes bancos dos países desenvolvidos - destaca - imitam e tratam de coordenar com os dos Estados Unidos; se os deste quebram, os daqueles também, e devoram uns a outros.

Os paraísos fiscais prosperam; os povos sofrem. Por acaso assim poderia se garantir o bem-estar da humanidade?

Fidel Castro Ruz
18 de Setembro de 2008

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