Wednesday, November 28, 2007

Lula, por que o ódio da imprensa?

No momento em que o Brasil entra pela primeira vez para o grupo de países com alto Índice de Desenvolvimento Humano, a imprensa destaca a sabotagem parlamentar da oposição oligárquica como uma expressão de resistência cívica.
Gilson Caroni Filho

Thursday, November 15, 2007

Lula: “o que não falta é democracia na Venezuela”

“Que eu saiba, na Venezuela já tiveram três referendos, quatro plebiscitos,três eleições, ou seja, o que não falta é discussão”
“Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa, inventem uma coisa para criticar o Chávez. Agora, por falta de democracia na Venezuela, não é”, afirmou o presidente Lula, em relação à reforma constitucional na Venezuela.
Em entrevista no Itamaraty, quarta-feira, Lula destacou a participação popular no país vizinho. “Eu estou há cinco anos no poder, vou chegar a oito anos, participei de duas eleições, duas para presidente e duas para prefeito. Que eu saiba, na Venezuela já tiveram três referendos, já tiveram três eleições, já tiveram quatro plebiscitos, ou seja, o que não falta é discussão”, disse.
Segundo o presidente, “democracia, a gente submete aquilo que a gente acredita ao povo, o povo decide e a gente acata o resultado, porque senão não é democracia. As pessoas se queixam ‘ah, porque o Chávez quer um terceiro mandato’. Ora, por que ninguém se queixou quando Margaret Thatcher ficou tantos anos no poder?”
Ao ser questionado se não seriam situações distintas, Lula frisou: “Não tem nada de distinto, muda apenas o sistema, muda apenas o regime: de regime presidencialista para regime parlamentarista. Mas o que importa não é o regime. É o exercício do poder. Ninguém se queixa do Felipe González, que ficou tantos anos, ninguém se queixa do Mitterrand que ficou tantos anos, ninguém se queixa do Helmut Kohl, que ficou quase 16 anos”.
“O que nós precisamos é apenas respeitar a autonomia e a soberania de cada país. Se nós dermos menos palpite nas regras do jogo dos outros países e olharmos para o que nós estamos fazendo, todos nós sairemos ganhando. Se a gente achar que pode dar palpite em tudo, que só pode acontecer no mundo aquilo que a gente gosta, aquilo que a gente quer, nós seremos eternamente infelizes. Se nós deixarmos que os outros decidam o seu destino e cuidarmos de decidir o nosso, todos nós seremos muito mais felizes, justamente agora que o petróleo está aí”, sublinhou.
Ao ser perguntado se continua defendendo a entrada da Venezuela no Mercosul o presidente respondeu: “Continuo defendendo, continuo trabalhando”.
Sobre o episódio que envolveu o presidente Chávez e o rei Juan Carlos , Lula declarou: “nós somos um conjunto de países democráticos, que fazemos uma reunião democrática, onde todos têm o direito de falar, tema livre, aquilo que lhe interessa, e não há divergências apenas entre o rei Juan Carlos e o Chávez. Há muitas divergências entre outros chefes de Estado, e a divergência faz parte de um encontro democrático”, disse. “Houve uma fala do Chávez, que o Rei achou que era demais, que era uma crítica ao ex-primeiro-ministro da Espanha, que tinha apoiado o golpe venezuelano, num primeiro momento. Mas essas coisas acontecem. Qual é a diferença? A diferença é que o Rei estava na reunião. Quem falou “cala-te” foi o Rei, não foi um de nós”.
Hora do Povo

Wednesday, November 07, 2007

Venezuelanos vão às ruas pelo “Sim” à reforma constitucional


A reforma constitucional mais democrática da história do país será concluída no dia 2 com o Referendo. O presidente Chávez liderou a marcha de 1 milhão em Caracas pelo “Sim” às mudanças
O presidente Hugo Chávez liderou no domingo, dia 4, o lançamento da campanha a favor do “Sim” para o Referendo já marcado para o dia 2 de dezembro, quando a Reforma da Constituição aprovada na Assembléia Nacional, após ampla discussão entre os deputados e, simultaneamente, debatida em milhares de encontros e assembléias populares, será submetida à aprovação do povo venezuelano nas urnas. Chávez esteve à frente da grande manifestação pelas ruas de Caracas, com centenas de milhares de participantes – os organizadores avaliaram em cerca de 1 milhão – que, vestidos de vermelho, ocuparam quilômetros de avenidas e ruas transversais, e atravessaram a capital venezuelana de ponta a ponta.
A Reforma Constitucional proposta pelo líder venezuelano busca fortalecer a democracia, o poder popular, garantir a soberania, e ampliar o marco legal para alcançar o funcionamento da economia socialista.
SOLIDARIEDADE
“Este clamor do povo está concentrado nesses 69 artigos da reforma constitucional que vão aprofundar a verdadeira democracia, uma democracia de inclusão, de igualdade, de solidariedade, onde o povo com nome e sobrenome está representado, os operários, os taxistas, os professores, os artesãos, os pescadores, todo o povo está cada dia mais com o poder de decisão nas suas mãos. Esta é uma reforma para incluir inclusive aqueles que não estão com o processo revolucionário que vivemos em nosso país, porque eles também vão ser beneficiados. Se não forem criminosos, mal intencionados e traidores da Pátria, todos vão ser beneficiados”, assinalou a deputada Cilia Flores, presidente da Assembléia Nacional, AN, no inicio do ato final da marcha.
Sobre o Referendo do próximo dia 2, convocado pelo Conselho Nacional Eleitoral, o presidente assegurou que “a oposição tem todo o direito e garantia para que chame sua gente para votar pelo “Não”; para que faça suas propostas, mas de forma pacífica. Nós chamamos a votar pelo “Sim”, pois essa é a única opção que temos pela frente e é a opção na qual deveriam estar jogando, porque estas eleições definem muita coisa para nosso futuro”. “Quem de verdade ama a democracia não pode ter medo do voto. E nós damos aula de voto, ganhamos todas nos anos em que estamos no governo”, destacou, referindo-se a certo setor da oposição que “anda invocando um golpe e enchendo de violência as ruas”.
AMPLITUDE
Numa demonstração da amplitude do processo, depois da proposta inicial do presidente Chávez — que incluía mudanças somente em 33 artigos da Carta Magna —, e após dois meses de discussão, essa cifra se elevou a 69, em virtude da discussão e análise da Assembléia Nacional e do denominado parlamentarismo na rua, que não é mais que a participação ativa do próprio povo, com observações, novas propostas e críticas.
“Não tenho dúvidas que é o mais importante de todos os referendos que se realizaram, incluindo o revogatório de agosto de 2004 e o de dezembro de 1999 com o qual se aprovou a atual Constituição”, assinalou Chávez.
A grande manifestação convocada pelo Comando Zamora, órgão composto por lideranças políticas e sociais com a função de ampliar o debate sobre a Reforma Constitucional, e pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), se iniciou na zona leste da capital, e se estendeu pela longa Avenida Francisco de Miranda e por outras artérias até seu ponto final de encontro na central Avenida Simón Bolívar, onde a população alegre e entusiasmada aguardava seu líder sem desanimar a pesar das reiteradas pancadas de chuva que ocorreram.
VITÓRIA
“Aqui estamos começando outra grande batalha para obter outra grande vitória. O caminho da revolução é o caminho das mil batalhas. Temos feito coincidir o caminho das mil batalhas com o caminho das mil vitórias. É assim, não é moleza não, não podemos parar. Não estamos nos enfrentando só com alguns venezuelanos que renegaram sua pátria, estamos nos enfrentando com o Império, com suas mazelas e todos seus recursos, que não são poucos, que pretende impedir a revolução, as mudanças, o socialismo”, afirmou Chávez, após ser apresentado pelo ex-vice-presidente, José Vicente Rangel. Por isso, assegurou que não haverá descanso nesta campanha até seu fechamento em primeiro de dezembro, para no dia 2 votar Sim e Sim, em referência aos dois blocos em que se apresentará a Reforma.
Chávez chamou o povo a tomar as ruas para defender a Revolução e pediu às autoridades para não ser permissivas com os perturbadores da ordem. “A democracia não é bagunça, não é o desconhecimento da vontade da maioria tantas vezes provada nas urnas e nas ruas, como hoje, não é um grupinho de filhinhos de papai quebrar tudo o que encontram na frente porque é da sua vontade”, frisou e alertou uma vez mais à oposição que constantemente pretende desconhecer as leis e incita a um golpe militar. “Por nenhum caminho vão nos derrotar”, advertiu, e acrescentou: “É a mesma agenda golpista e é a mesma derrota que os espera”. “Agora é que vamos ver o diabo passar a ter muito trabalho”, acrescentou sob o aplauso dos manifestantes.
BANDEIRAS
Com bandeiras venezuelanas, cartazes de apoio à Reforma e ao socialismo, fogos de artifício e placas do PSUV, os manifestantes expressaram seu apoio ao governo bolivariano e condenaram os reiterados chamados da “esquálida oposição” para a desobediência civil, e a permanente guerra da mídia privada, nacional e internacional, contra o projeto que será submetido à consulta popular.
O presidente ressaltou ainda que é importante diminuir os índices de abstenção, ao lembrar que no referendo revogatório de agosto de 2004 ela foi de 30%, enquanto que no de dezembro de 1999, quando se aprovou a Constituição que hoje está em vigência, esteve por cima do 53%.
Chávez finalizou conclamando a população a “vencer a abstenção, para que não fique dúvida que a grande maioria dos venezuelanos aprovam a reforma constitucional”
SUSANA SANTOS

Diretor da Época, no blog “Faz Caber”:


“Para fazer a capa desta semana foi feita uma pesquisa de imagem muito específica. O presidente da Venezuela Hugo Chávez teria que estar com cara ameaçadora. Foi muito difícil, ele tem uma cara gorda e simpática, não dá medo em ninguém. A imagem que mais chegou próximo do objetivo foi a que ele está de boina vermelha olhando para o lado esquerdo. Para deixar a imagem ainda mais forte, o nosso ilustrador Nilson Cardoso fez um trabalho de manipulação na imagem original, até chegar a este resultado final.
O que acham? Façam seus comentários
Marcos Marques - diretor de arte”

Para “Veja”, vale tudo contra a democracia na Venezuela


Nessa linha, “Época” foi atrás e fraudou até foto

Há algum tempo, a “Veja”, sempre na vanguarda de tudo o que não presta, falsificou uma foto de João Pedro Stédile, líder do MST, manipulando-a por computador para apresentá-lo com feições sinistras e algo diabólicas. Pois a “Época”, da Globo, resolveu imitar a sua congênere. Foi exatamente o que fez com a imagem do presidente venezuelano Hugo Chávez, na capa da semana passada.

Verdade seja dita, nesse terreno – o da falta de escrúpulos, da canalhice, em suma, do fascismo editorial – a “Veja” continua sem competidores. Haja vista a matéria de capa desta semana, cujo assunto - de surpresa nós não vamos morrer - é o presidente Hugo Chávez.
POPULAÇÃO
Quem revelou a falsificação na capa de “Época” foi nada menos que o diretor de arte da revista, Marcos Marques (v. suas declarações em nossa primeira página). Não estava fazendo uma denúncia. Pelo contrário, estava expondo a competência do departamento que dirige. O incrível é que o diretor de arte e seus comandados parecem achar absolutamente normal esse procedimento. Parecem achar que a profissão é uma licença para fazer qualquer coisa que o patrão mandar, inclusive, ludibriar os leitores.
Chávez não falsificou nenhum retrato – e nenhuma história – da família Marinho. No entanto, os Marinho acham que podem chamar Chávez de ditador, falsificando a foto e os fatos...
Quanto à matéria, é de uma estupidez garrafal. Quem pode acreditar que Chávez está reaparelhando as forças armadas da Venezuela para atacar o Brasil, e não para se defender dos americanos? É preciso uma mente asinina para crer em tamanha estultice. Mesmo assim, não é qualquer asno que consegue achar que o Brasil, 9 vezes maior - e com uma população que é 7 vezes a do país vizinho – está ameaçado pela Venezuela.
Quanto à “Veja”, é outra coisa. Nesta semana, em 11 páginas de xingamentos, a prova de que Chávez é um ditador se resume a 7 artigos da Constituição – entre os 350 que a compõem. Os artigos são os seguintes:
1) O artigo 11, que dá poderes ao presidente para estabelecer regiões militares especais em qualquer parte do país.
“Veja” sabe perfeitamente que este é um dispositivo que existe em qualquer Constituição – inclusive na dos EUA e na do Brasil.
2) O artigo 16, que estabelece o Poder Popular baseado nas comunidades locais.
“Veja” quer passar a idéia de que trata-se de um poder paralelo ao do Estado, quando é apenas uma forma, que não se sobrepõe ao poder federal, estadual ou municipal, de complementar e democratizar o poder político em comunidades localizadas.
3) O artigo 115, que define que, por utilidade pública ou interesse social, poderão ser desapropriados determinados bens.
O Civita, americano que o é, não deve ter lido o artigo 5º da nossa Constituição, incisos XXIII e XXIV. O Estado brasileiro tem o mesmo poder e o nosso texto constitucional tem quase a mesma redação do venezuelano. Mas o Civita & matilha querem ter o monopólio da expropriação dos bens de outros...
4) O artigo 153, que propõe que a Venezuela envide esforços para construir na América um projeto supranacional.
Desde que o presidente Sarney fundou o Mercosul, o Brasil está envidando esforços exatamente no mesmo sentido, o que foi retomado pelo presidente Lula, inclusive com a CASA (Comunidade Sul-americana de Nações). Mas o Civita prefere a Alca, ou seja, em vez de um projeto supranacional, um de submissão nacional.
5) O artigo 230, que acaba com as restrições a que o povo possa reeleger o presidente.
Até Eisenhower, apesar de republicano, era a favor desse direito democrático. Disse ele que “o povo americano deve eleger quem ele quiser, quantas vezes quiser”. As restrições à reeleição consistem em limitações à democracia, cuja essência é a vontade do povo, não o impedimento à vontade do povo.
6) O artigo 318, que estabelece que a política monetária deverá ser estabelecida em conjunto pelo Executivo e o Banco Central.
O presidente Chávez é um homem moderado. O Brasil é mais radical: constitucionalmente, é o Executivo que estabelece a política monetária. O BC é um mero aplicador. Até o Meirelles sabe disso, pois vive citando o conteúdo desse dispositivo.
7) O artigo 337, que estabelece que o presidente poderá decretar estados de exceção no país.
Pois é, aqui também (artigo 21 da nossa Constituição).
Muito interessante, também, são os conceitos emitidos sobre democracia, pela “Veja”. Por exemplo: “Hugo Chávez foi escolhido em eleições democráticas em 1998. O partido nazista teve um terço dos votos em 1933. Á frente de sua milícia, Mussolini impôs sua nomeação como primeiro-ministro. Para todos eles, isso foi a etapa inicial da ditadura”.
Logo, a democracia é a etapa inicial da ditadura e não há outro jeito de evitar as ditaduras, senão acabando com a democracia. Não é brincadeira, leitor. O problema de Chávez não é que ele seja um ditador, o problema é que ele é um democrata, logo, segundo a “Veja”, é inevitável que ele seja um ditador. Por isso, ela coloca no mesmo saco as eleições democráticas da Venezuela e as eleições de 1933 na Alemanha, realizadas depois da proibição do Partido Social-Democrata e do Partido Comunista e da prisão em massa dos dirigentes e militantes de ambos os partidos. Da mesma forma, a “marcha sobre Roma”, de Mussolini, cujo objetivo era passar por cima das instituições - inclusive, e sobretudo, das eleições – virou exemplo de democracia. Mas, realmente, essa é a democracia do Civita, isto é, o fascismo.
DIAS
O resto é um besteirol de mesmo teor:
a) Chávez “arrancou do parlamento a autorização para governar sem o parlamento”. Parece até que as medidas provisórias e as ordens executivas dos EUA são alguma novidade.
b) A “milícia” da Constituição da Venezuela não são de Chávez; são a reserva do exército, isto é, todos os reservistas, organizados e comandados pelo exército.
c) Chávez não fez expurgo algum do Judiciário. Apenas, como qualquer presidente, inclusive o nosso, cumpre a ele nomear juízes de determinadas instâncias.
d) O que “Veja” chama de “lavagem cerebral” da juventude é que a educação deixou de ser privilégio dos brancos e ricos, e o ensino passou a ter algo a ver com a realidade do país.
Por último, não há perseguição aos opositores, que continuam proprietários da maioria dos órgãos de comunicação do país. A oposição é que tentou dar um golpe, rasgar a constituição, fechar o Congresso e o Judiciário, no que foi efusivamente saudada pela “Veja”. Mas a esbórnia durou apenas dois dias.
C. L.
Reprodução de HORA DO POVO