Wednesday, November 07, 2007

Venezuelanos vão às ruas pelo “Sim” à reforma constitucional


A reforma constitucional mais democrática da história do país será concluída no dia 2 com o Referendo. O presidente Chávez liderou a marcha de 1 milhão em Caracas pelo “Sim” às mudanças
O presidente Hugo Chávez liderou no domingo, dia 4, o lançamento da campanha a favor do “Sim” para o Referendo já marcado para o dia 2 de dezembro, quando a Reforma da Constituição aprovada na Assembléia Nacional, após ampla discussão entre os deputados e, simultaneamente, debatida em milhares de encontros e assembléias populares, será submetida à aprovação do povo venezuelano nas urnas. Chávez esteve à frente da grande manifestação pelas ruas de Caracas, com centenas de milhares de participantes – os organizadores avaliaram em cerca de 1 milhão – que, vestidos de vermelho, ocuparam quilômetros de avenidas e ruas transversais, e atravessaram a capital venezuelana de ponta a ponta.
A Reforma Constitucional proposta pelo líder venezuelano busca fortalecer a democracia, o poder popular, garantir a soberania, e ampliar o marco legal para alcançar o funcionamento da economia socialista.
SOLIDARIEDADE
“Este clamor do povo está concentrado nesses 69 artigos da reforma constitucional que vão aprofundar a verdadeira democracia, uma democracia de inclusão, de igualdade, de solidariedade, onde o povo com nome e sobrenome está representado, os operários, os taxistas, os professores, os artesãos, os pescadores, todo o povo está cada dia mais com o poder de decisão nas suas mãos. Esta é uma reforma para incluir inclusive aqueles que não estão com o processo revolucionário que vivemos em nosso país, porque eles também vão ser beneficiados. Se não forem criminosos, mal intencionados e traidores da Pátria, todos vão ser beneficiados”, assinalou a deputada Cilia Flores, presidente da Assembléia Nacional, AN, no inicio do ato final da marcha.
Sobre o Referendo do próximo dia 2, convocado pelo Conselho Nacional Eleitoral, o presidente assegurou que “a oposição tem todo o direito e garantia para que chame sua gente para votar pelo “Não”; para que faça suas propostas, mas de forma pacífica. Nós chamamos a votar pelo “Sim”, pois essa é a única opção que temos pela frente e é a opção na qual deveriam estar jogando, porque estas eleições definem muita coisa para nosso futuro”. “Quem de verdade ama a democracia não pode ter medo do voto. E nós damos aula de voto, ganhamos todas nos anos em que estamos no governo”, destacou, referindo-se a certo setor da oposição que “anda invocando um golpe e enchendo de violência as ruas”.
AMPLITUDE
Numa demonstração da amplitude do processo, depois da proposta inicial do presidente Chávez — que incluía mudanças somente em 33 artigos da Carta Magna —, e após dois meses de discussão, essa cifra se elevou a 69, em virtude da discussão e análise da Assembléia Nacional e do denominado parlamentarismo na rua, que não é mais que a participação ativa do próprio povo, com observações, novas propostas e críticas.
“Não tenho dúvidas que é o mais importante de todos os referendos que se realizaram, incluindo o revogatório de agosto de 2004 e o de dezembro de 1999 com o qual se aprovou a atual Constituição”, assinalou Chávez.
A grande manifestação convocada pelo Comando Zamora, órgão composto por lideranças políticas e sociais com a função de ampliar o debate sobre a Reforma Constitucional, e pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), se iniciou na zona leste da capital, e se estendeu pela longa Avenida Francisco de Miranda e por outras artérias até seu ponto final de encontro na central Avenida Simón Bolívar, onde a população alegre e entusiasmada aguardava seu líder sem desanimar a pesar das reiteradas pancadas de chuva que ocorreram.
VITÓRIA
“Aqui estamos começando outra grande batalha para obter outra grande vitória. O caminho da revolução é o caminho das mil batalhas. Temos feito coincidir o caminho das mil batalhas com o caminho das mil vitórias. É assim, não é moleza não, não podemos parar. Não estamos nos enfrentando só com alguns venezuelanos que renegaram sua pátria, estamos nos enfrentando com o Império, com suas mazelas e todos seus recursos, que não são poucos, que pretende impedir a revolução, as mudanças, o socialismo”, afirmou Chávez, após ser apresentado pelo ex-vice-presidente, José Vicente Rangel. Por isso, assegurou que não haverá descanso nesta campanha até seu fechamento em primeiro de dezembro, para no dia 2 votar Sim e Sim, em referência aos dois blocos em que se apresentará a Reforma.
Chávez chamou o povo a tomar as ruas para defender a Revolução e pediu às autoridades para não ser permissivas com os perturbadores da ordem. “A democracia não é bagunça, não é o desconhecimento da vontade da maioria tantas vezes provada nas urnas e nas ruas, como hoje, não é um grupinho de filhinhos de papai quebrar tudo o que encontram na frente porque é da sua vontade”, frisou e alertou uma vez mais à oposição que constantemente pretende desconhecer as leis e incita a um golpe militar. “Por nenhum caminho vão nos derrotar”, advertiu, e acrescentou: “É a mesma agenda golpista e é a mesma derrota que os espera”. “Agora é que vamos ver o diabo passar a ter muito trabalho”, acrescentou sob o aplauso dos manifestantes.
BANDEIRAS
Com bandeiras venezuelanas, cartazes de apoio à Reforma e ao socialismo, fogos de artifício e placas do PSUV, os manifestantes expressaram seu apoio ao governo bolivariano e condenaram os reiterados chamados da “esquálida oposição” para a desobediência civil, e a permanente guerra da mídia privada, nacional e internacional, contra o projeto que será submetido à consulta popular.
O presidente ressaltou ainda que é importante diminuir os índices de abstenção, ao lembrar que no referendo revogatório de agosto de 2004 ela foi de 30%, enquanto que no de dezembro de 1999, quando se aprovou a Constituição que hoje está em vigência, esteve por cima do 53%.
Chávez finalizou conclamando a população a “vencer a abstenção, para que não fique dúvida que a grande maioria dos venezuelanos aprovam a reforma constitucional”
SUSANA SANTOS

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