Thursday, November 15, 2007

Lula: “o que não falta é democracia na Venezuela”

“Que eu saiba, na Venezuela já tiveram três referendos, quatro plebiscitos,três eleições, ou seja, o que não falta é discussão”
“Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa, inventem uma coisa para criticar o Chávez. Agora, por falta de democracia na Venezuela, não é”, afirmou o presidente Lula, em relação à reforma constitucional na Venezuela.
Em entrevista no Itamaraty, quarta-feira, Lula destacou a participação popular no país vizinho. “Eu estou há cinco anos no poder, vou chegar a oito anos, participei de duas eleições, duas para presidente e duas para prefeito. Que eu saiba, na Venezuela já tiveram três referendos, já tiveram três eleições, já tiveram quatro plebiscitos, ou seja, o que não falta é discussão”, disse.
Segundo o presidente, “democracia, a gente submete aquilo que a gente acredita ao povo, o povo decide e a gente acata o resultado, porque senão não é democracia. As pessoas se queixam ‘ah, porque o Chávez quer um terceiro mandato’. Ora, por que ninguém se queixou quando Margaret Thatcher ficou tantos anos no poder?”
Ao ser questionado se não seriam situações distintas, Lula frisou: “Não tem nada de distinto, muda apenas o sistema, muda apenas o regime: de regime presidencialista para regime parlamentarista. Mas o que importa não é o regime. É o exercício do poder. Ninguém se queixa do Felipe González, que ficou tantos anos, ninguém se queixa do Mitterrand que ficou tantos anos, ninguém se queixa do Helmut Kohl, que ficou quase 16 anos”.
“O que nós precisamos é apenas respeitar a autonomia e a soberania de cada país. Se nós dermos menos palpite nas regras do jogo dos outros países e olharmos para o que nós estamos fazendo, todos nós sairemos ganhando. Se a gente achar que pode dar palpite em tudo, que só pode acontecer no mundo aquilo que a gente gosta, aquilo que a gente quer, nós seremos eternamente infelizes. Se nós deixarmos que os outros decidam o seu destino e cuidarmos de decidir o nosso, todos nós seremos muito mais felizes, justamente agora que o petróleo está aí”, sublinhou.
Ao ser perguntado se continua defendendo a entrada da Venezuela no Mercosul o presidente respondeu: “Continuo defendendo, continuo trabalhando”.
Sobre o episódio que envolveu o presidente Chávez e o rei Juan Carlos , Lula declarou: “nós somos um conjunto de países democráticos, que fazemos uma reunião democrática, onde todos têm o direito de falar, tema livre, aquilo que lhe interessa, e não há divergências apenas entre o rei Juan Carlos e o Chávez. Há muitas divergências entre outros chefes de Estado, e a divergência faz parte de um encontro democrático”, disse. “Houve uma fala do Chávez, que o Rei achou que era demais, que era uma crítica ao ex-primeiro-ministro da Espanha, que tinha apoiado o golpe venezuelano, num primeiro momento. Mas essas coisas acontecem. Qual é a diferença? A diferença é que o Rei estava na reunião. Quem falou “cala-te” foi o Rei, não foi um de nós”.
Hora do Povo

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