Friday, June 08, 2007

Condoleezza fracassa na OEA em sua defesa da TV golpista


Contrapondo-se às pressões dos EUA, a OEA adotou projeto da Venezuela que conclama os Estados membros a fomentar democratização da mídia pelo “enfoque pluralista da informação” e pelo estímulo ao “exercício da liberdade de expressão”
A Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou na terça-feira, 5, a proposta venezuelana sobre “O direito à liberdade de pensamento e expressão, e a importância dos meios de comunicação social”, apresentada pelo embaixador no organismo, Jorge Valero.
Contrapondo-se às pressões exercidas pelos Estados Unidos para aprovar uma condenação ao governo de Hugo Chávez, a Assembléia Geral da OEA adotou na Cidade do Panamá, entre os dias 4 e 5 passados, a resolução que convoca os membros da Organização a “promover um enfoque plu-ralista da informação e múltiplos pontos de vista mediante o fomento do pleno exercício da liberdade de expressão e de pensamento”. Assinala também que, para conseguir este objetivo, “é fundamental o acesso aos meios de comunicação pelo conjunto da população; a diversidade de proprietários dos mesmos, assim como às fontes de informação, através de sistemas transparentes de concessão de licenças e regulamentos que impeçam a concentração indevida da propriedade dos meios de comunicação”.
O documento conclama os Estados membros a “adotar medidas para evitar violações ao direito à liberdade de pensamento e expressão, assegurando que a legislação nacional se ajuste às obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e se aplique com eficácia”.
ISOLAMENTO
“Os Estados Unidos ficaram sós em sua agressão contra nossa Pátria, contra nosso presidente Hugo Chávez, contra nossa democracia, contra nosso povo. Ficaram absolutamente sós. Os tempos mudaram. Condoleezza Rice abandonou a Assembléia da OEA quando viu que não podia impor o seu critério. Saiu sozinha e derrotada em sua defesa à RCTV”, afirmou o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, referindo-se à participação da representante da Casa Branca na Assembléia.
Após uma réplica que lhe fora concedida, Rice saiu rapidamente do recinto do Centro de Convenções Atlapa, sem escutar a resposta do chanceler venezuelano. Nicolás não só se opôs ao pedido invasivo dos EUA para se meter nos assuntos internos do seu país, como também denunciou a violação da agenda da reunião com a questão da RCTV. O tema original do encontro, em torno do qual existia consenso prévio, era a energia para o desenvolvimento sustentado.
FUGA AO DEBATE
O ministro Maduro lembrou à funcionária de Bush sobre as numerosas invasões dos EUA contra países latino-americanos, e o atropelo cometido contra muitos outros direitos humanos. Quando ficou claro que nenhuma delegação do Continente acompanharia a tentativa de Washington de atacar e condenar a Venezuela pelo seu soberano direito de não renovar a concessão da Rádio Caracas de Televisão, e democratizar seu espaço radioelétrico, Rice saiu abruptamente no transcorrer do debate.
Em seu discurso, na segunda-feira, dia 4, a secretária de Estado pediu que fosse enviada uma delegação da OEA – organismo que antes servia como instrumento de ingerência da política norte-americana – para investigar a decisão do governo Chávez sobre a RCTV, sob o pretexto de que houvera ataque aos direitos humanos.
“Vejam como se liga perfeitamente a estratégia dessa oposição de direita venezuelana, articulada com a Embaixada dos Estados Unidos, com esse pedido à OEA. Eles estavam buscando sangue nas ruas de Caracas todos os dias, para pedir a intervenção internacional. Como não podem com a liderança do presidente Chávez, com a fortaleza de nosso povo, então pedem que venham de fora fazer o trabalho que eles são incapazes de fazer porque não têm a razão, liderança, nem verdade, nem projeto”, assinalou o chanceler Maduro.
GUANTÁNAMO
“Se os EUA pretendem se converter em paladinos dos direitos humanos, que abram os cárceres de Guantánamo, que permitam que a construção do muro na fronteira com o México possa ser supervisada pelo mundo, que se investiguem as centenas de casos de desaparições de homens e mulheres nessa fronteira”, respondeu Nicolás ao elogio de Condoleezza à “liberdade de expressão” que ela considera que é praticada pelas redes de televisão americanas.
“Se lá se pratica toda essa liberdade de imprensa, que permitam uma reportagem feita pela TVes, o novo canal da Venezuela, que inclua entrevistas com todas as pessoas presas lá, em Guantánamo”, sugeriu Nicolás Maduro.
Sobre a saída intempestiva de Condoleezza da sala, ainda agregou que “é o reconhecimento do isolamento em que está o governo dos EUA no hemisfério”. Continuando, Nicolás disse que “fugiu porque se sentem sozinhos. Quando eles não estavam sós, bombardeavam os povos; quando tinham submetidos a seus interesses muitos governos do nosso continente, invadiram a Guatemala e assassinaram mais de cem mil homens e mulheres, isso aconteceu em 1954; invadiram o Panamá em 1990 e assassinaram, só num bairro, 3000 homens e mulheres que estavam dormindo em suas casas; invadiram Granada, Cuba, Nicarágua, República Dominicana, Haiti; punham e tiravam governos; deram um golpe de Estado contra Salvador Allende e instauraram Pinochet. Eles faziam o que lhes dava na telha na América Latina”.
O ministro venezuelano acrescentou que os governos norte-americanos “somente utilizaram a OEA no passado para justificar invasões e destituição de governos legítimos; enfim, para justificar seus abusos na região. Hoje há uma nova situação no Continente. Não somos inferiores a eles e por isso exigimos relações de iguais, de você a você, de respeito à soberania, à igualdade. Vamos seguir avançando. Hoje demos um passo gigantesco que é falar com a verdade ao Império na sua cara, com respeito, com altura. Mas as verdades que falamos não as podem desmentir”.
Concluindo, o ministro afirmou: “temos denunciado um novo plano contra o presidente Chávez, financiado e dirigido pelo governo dos Estados Unidos. Hoje ficou claro perante o mundo quem está por trás desse plano e dizemos a esse governo, em nome da legitimidade da liderança do comandante Chávez, que esse plano também vai ser derrotado, com o povo da Venezuela e a solidariedade dos homens e mulheres deste Continente”.
SUSANA SANTOS

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