“Não aceitamos que peçam para os países pobres não crescerem, porque nós temos o direito de crescer e de melhorar a vida do nosso povo”
Ao avaliar a participação do Brasil na reunião do G-8, no Japão, na semana passada, o presidente Lula disse que levantou a questão dos preços dos alimentos “porque se discute muito genericamente e era importante que a gente levasse o debate para saber o que está acontecendo com a especulação nos alimentos - qual é o custo que o petróleo tem no preço dos produtos alimentícios no mundo? Quanto custa um frete? Quanto custa um fertilizante? -, para a gente poder saber claramente o que estamos discutindo”.
Para o presidente Lula, é importante os países em desenvolvimento darem a tônica nas discussões sobre a inflação no preço de alimentos e do petróleo. “Os países ricos não querem discutir nem a crise imobiliária americana, nem querem discutir os prejuízos que os bancos europeus tiveram, e procuram jogar a culpa em cima dos países em desenvolvimento”, alertou Lula.
O presidente destacou algumas questões importantes para o debate: “primeiro, não é o etanol ou os biocombustíveis os responsáveis pelo aumento dos alimentos. Segundo, não é por conta apenas da China que o petróleo está aumentando. Terceiro, as pessoas vão descobrir que um bom acordo na Rodada de Doha da OMC pode resolver esse problema do alimento, com incentivo para os países pobres produzirem mais, se diminuir o subsídio americano ou se abrir o mercado europeu para os produtos agrícolas. A única coisa que nós não podemos aceitar é pedirem para os pobres do mundo não comerem. Peçam-nos para produzir mais que nós vamos produzir, porque temos competência para fazer isso”, afirmou o presidente.
Lula refutou a tese de que o aumento dos preços do petróleo se deva ao descompasso entre oferta e demanda, principalmente ao aumento do consumo na China. “O que nós, hoje, estamos assistindo? A especulação no mercado futuro de petróleo já tem a mesma quantidade de barris de petróleo que a China consome. Então, nós temos um consumo verdadeiro da China, e nós temos um consumo virtual, através do mercado futuro, da especulação”.
“Eu estou falando tudo sem que a gente tenha um diagnóstico preciso, que possa ser assumido por muita gente. Mas o que está ficando como impressão, e vai se consolidando cada dia mais, é que aqueles que tiveram a experiência de perder muito dinheiro com o subprime americano estão, agora, utilizando dinheiro dos fundos para especular com o petróleo, para especular com alimentos”, observou Lula.
Após a reunião no Japão, o presidente Lula visitou o Vietnã, o Timor Leste e a Indonésia, onde assinou tratados de cooperação.
Hora do Povo
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